Pequenas lembranças
Certa
vez, em um dia corriqueiro no CEJUSC, fui chamado para esclarecer uma
dúvida em uma das mesas de conciliação.
Ao
atender o chamado de um dos conciliadores, inteirei-me do ocorrido e
pude contribuir para a entabulação de um acordo e solucionar uma
questão relativa ao recolhimento previdenciário de uma trabalhadora
doméstica.
Neste
momento, um senhor, na casa dos sessenta anos, veio ao meu encontro e
disse:
-
Eu me recordo do senhor! Tenho lembranças suas de uma audiência
realizada na cidade de São Miguel, na qual eu era o reclamado!
Fiquei
surpreso, apesar de num primeiro momento não me recordar da
audiência, e respondi amigavelmente:
-
É uma lembrança boa ou ruim?
Ele,
na sua vasta experiência de vida, abriu um singelo sorriso, e
respondeu um pouco extasiado:
-
Com certeza uma lembrança boa!
Devolvi
o sorriso e o provoquei amistosamente:
-
Lembrança boa para empregador é improcedência, não é? (Risos)
O
senhor se aproximou de mim, colocou uma de suas mãos no meu ombro esquerdo,
apontando com a outra para um aparelho auditivo que se encontrava em
um de seus ouvidos, me confidenciou:
-
É que o senhor, naquele dia, entendeu que eu tinha um problema de
surdez e teve paciência em me escutar e compreender que eu falava em
um tom mais alto do que o normal, sem ficar constrangido ou
desrespeitado com aquela situação. Fui muito bem tratado e aquilo
me acalmou bastante!
-
Nossa! Realmente fico muito feliz por saber disso e pelo fato de o
senhor ter uma boa imagem da Justiça do Trabalho! Mas fiz apenas
minha obrigação como juiz e cidadão!
Após
algumas palavras, nos despedimos cordialmente com um sentimento de
respeito mútuo.
Naquele
momento, eu pude novamente perceber que pequenos atos de gentileza em
situações tensas, como aquelas ocorridas nas audiências,
reverberam nosso esforço diário e a credibilidade do judiciário!
São
pequenas lembranças de uma vida dedicada ao trabalho!
Ganhei
o dia!
Wagson Filho.
Emocionantes relatos! Adorei lê-los!
ResponderExcluirMarianne